Uma programação especial com palestras, apresentações culturais, oficinas de arte e outras atividades interativas marcaram os eventos alusivos ao Dia da Consciência Negra em Cubatão nesta quinta-feira (21), todas realizadas no auditório da Biblioteca Municipal, na Av. Nove de Abril, Centro. Como ensejo da data, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Meio Ambiente (Semam) fez o lançamento do décimo oitavo objetivo da Agenda 2020, o ODS 18. Isso ocorreu porque Cubatão faz parte da iniciativa global dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, lançado pela ONU, em 2015, cujas metas buscam por um futuro melhor.
ODS 18 – De acordo com a presidente da Agenda 2030 em Cubatão, Sandra Godoy, servidora da Semam, o ODS 18 surgiu devida à uma proposta do Governo brasileiro para a promoção da igualdade étnico-racial, uma luta coletiva por direitos, justiça e equidade social, uma vez que nenhum dos 17 objetivos lançados em 2015 inseriu essa discussão.
“Hoje, a ideia foi ter um dia especial com palestras, oficinas e apresentações de projetos. Com essa premissa principal, o município de Cubatão aproveita esse momento oportuno, por meio da Agenda 2030, para fazer o lançamento de mais um item importante dentro do cumprimento de metas do Desenvolvimento Sustentável. Serão ouvidos representantes de entidades do Governo local, de voluntários, ativistas da causa e da Sociedade em geral para propostas das metas municipais para o referida ODS”, explicou Sandra. Para tratar da questão da luta étnica-racial, houve uma palestra da ativista Paloma Santos, membro da Educafro e presidente do Compir – Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial, com breve participação do artista cubatense de Hip Hop, Guilherme Wellikis, que mora na comunidade da Vila Esperança.
“De acordo com a palestrante, eventos como este servem como incentivo à conscientização de seguimentos da sociedade, para estudantes e outros jovens. É o enfrentamento de uma igualdade tão sonhada ao longo do tempo, de várias gerações do nosso povo tanto sofreu e ainda sofre na luta constante por conquistas sociais, por condições mais dignas e de equidade social. Então, esta conquista da Inclusão de um ODS na Agenda 2030 merece ser destacada, uma vez que o Brasil é 2º pais que tem a maior população negra fora do continente africano. Então, é importante que tenhamos eventos dessa natureza para que possamos falar das agruras que os negros ainda passam, em uma sociedade que o pré-conceito aos negros ainda é muito evidente em todas as esferas”, ressaltou Paloma.
Para reforçar sua fala, ela destacou alguns números estatísticos relacionados à empregabilidade (funções e colocações no mercado de trabalho), Educação, penitenciários (esfera judicial), do racismo ambiental (pessoas negras que acabam indo morar nas palafitas e encostas dos morros), e da recente divulgação, por parte do IBGE 2022, sobre os índices de favelas e comunidades urbanas no Brasil, com mais de 16 milhões de pessoas morando nessas localidades, a maioria mulheres e negros. Neste sentido, para a palestrante, “o movimento negro deve se inserir por mais conquistas sociais e políticas públicas voltadas à ampliação de espaços, devendo fazer uma luta coletiva contra as desigualdades sociais”.
A importância de pesquisar – Ela falou que a sociedade tem hoje uma ‘arma’ poderosa nas mãos, que é o celular (Internet), equipamento este que as pessoas negras devem usar para realizar pesquisas e se informar mais sobre tudo o que está acontecendo na sua cidade, estado, país e no mundo.
“Quanto mais ter conhecimento do que se passa ao nosso redor e no mundo, maior será o nosso poder de enfrentamento, pois o conhecimento transforma. Por isso é tão importante o acesso do negro à Educação cada vez mais. “Se a gente não pesquisar, a gente vira objeto de pesquisa. As instituições vão às comunidades, nos pesquisam, fecham dados e relatórios sobre nós e depois vão embora. Ou seja, viramos apenas estatísticas, isso em todas as áreas. Por isso, é tão importante que o poder público leve política públicas para dentro das comunidades, medidas que fazem com que os números estatísticos mudem ou que não sejam tão negativos para os pobres e negros”, resumiu Paloma.
Dentro dessa perspectiva, o músico de hip hop, morador da Vila Esperança, que já tocou e cantou em vários festivais, reforçou que a cultura e educação de fato são fatores que podem fazer com que as pessoas possam sonhar e conquistar mais. “Este é caminho. É transformar o presente para melhorar o futuro. A música, a arte e a Educação de qualidade nos possibilitam, um dia, ser alguém melhor socialmente falando”, ressaltou Marcelo.
Outros participantes – O evento dessa quinta na Biblioteca ainda contou com participação do titular da Semam Halan Clemente, do diretor de Cultura Aloísio Júnior, da diretora de Educação Ambiental Patrícia Barbosa. Na Plateia, alunos da UME Ulysses Guimarães, que participaram de diversas atividades sobre o tema.
Texto e fotos: Secom Cubatão
