A trama narra as descobertas de Ramiro em seu aniversário de 12 anos. Na véspera desse dia, seu avô Miguel, que diz ter poderes especiais, entra nos sonhos do neto para descobrir quais são os desejos dele. Depois de perceber que o garoto não aceita ficar sem presentes caros, o avô decide ensiná-lo sobre o valor das coisas.
Com a ajuda da prima Valentina e de Fortuna, um cofre em forma de um porquinho falante, Miguel propõe uma viagem ao passado para apresentar a Ramiro os sonhos e a história de seus pais. A proposta da peça é mostrar o conflito entre o querer e o não poder – presente na realidade de muitas famílias brasileiras – e as possíveis saídas éticas para essa questão.
O trabalho partiu de uma pesquisa sobre como as crianças lidam com a realidade financeira da família, revela o diretor Valdo Resende. “Durante meses nós estudamos esse tema e somamos a isso a nossa experiência em falar com esse público infantil e, consequentemente, com os pais, pois são eles que levam os filhos ao teatro. Usamos uma linguagem própria para a idade para mostrar que há um valor real e concreto para as coisas e que precisamos de planejamento, investimento e economia para consegui-las”, comenta.
A encenação evidencia a importância do valor real das coisas e não a importância do “ter” o que é caro, o que está na moda, o que dá status. Trata, ainda, do egoísmo em contraposição aos valores familiares. Dessa forma, apresenta e valoriza os brinquedos simples, antigos. “Resgatamos alguns brinquedos que estão desaparecidos, mas ainda permeiam o imaginário das pessoas. E a nossa cenografia [assinada por Djair Guilherme] é construída como um brinquedo que se monta e desmonta. Não temos um cenário na própria concepção da palavra, mas elementos cenográficos que vão compondo os ambientes onde as cenas ocorrem. A encenação se baseia em um teatro no qual as ações são construídas a partir do movimento dos atores, a partir da maneira com qual eles manipulam os elementos cenográficos”, explica Resende.
Já os figurinos, assinados por Márcio Araújo, fazem referência a outras cidades e épocas e remetem o espectador a um mundo onírico. “Colocamos a cenografia, os figurinos, os adereços [de Renato Ribeiro] e a trilha sonora original [de Flávio Monteiro] em função do jogo lúdico para ajudar o Ramiro a perceber essa nova realidade em que ele precisa ir além como indivíduo”, acrescenta.
Sobre o projeto – A circulação pelo Estado de São Paulo ocorrerá até dezembro de 2021, no formato digital, com parcerias estabelecidas com secretarias municipais, escolas da rede pública, instituições e outros equipamentos culturais, ampliando o alcance do espetáculo. Com a execução do projeto sendo realizada durante um momento de grandes restrições à circulação, aglomeração e ocupação de espaços, a transposição para o on-line foi um caminho lógico a se tomar, com o elenco e a produção já familiarizados com o formato, após trabalharem em outras peças que seguiram a mesma orientação.
“Estarmos frente à frente com o público é sempre a melhor forma de se fazer teatro, mas aprendemos com nossas produções nos últimos meses que podemos chegar em um público maior no on-line, principalmente em um momento que boa parcela da população ainda receia ocupar espaços fechados”, pontua Sonia Kavantan, diretora de produção do espetáculo. Além da gravação pensada para o ambiente digital, as apresentações serão seguidas de um bate papo ao vivo com o elenco, respondendo as perguntas do público. “Essa forma de interação é mais intuitiva para jovens e crianças, e a adesão é muito maior”, ainda pontua Sonia.
Sobre Valdo Resende (diretor e dramaturgo) – Dramaturgo, diretor, escritor, redator e editor, o mineiro Valdo Resende é mestre em Artes Visuais pela Unesp e leciona no curso de Propaganda e Marketing da UNIP. Seus últimos trabalhos no teatro foram para a produtora Kavantan – Projetos e Eventos Culturais e para o Projeto Arte na Comunidade.
Escreveu as peças Tricot (1996), As Bodas de Emília (1994), Variações Genéticas e A Farsa dos Três Santos (1992), Rabelais, Rabelais (1991), IDDEM (1989), As Quatro Estações (1987), Outono Provincial (1984), Era Uma Vez…, Aonde Vamos? (1983), As Três Faces, Sul Maravilha (1980), O Último sonho (1980) e Redivivo e Os Pintores (1980).
Como autor e diretor teatral, produziu os espetáculos O Viajante do Embaú, Os Sete Rios de Lavrinhas, A Baronesa de Queluz, Cantos e Contos do Rio Paraíba do Sul, Os Piraquaras do Vale do Paraíba, todos em 2016; Brincando entre a Serra e o Mar, Brincar
de Ser, Juju e um Grande Amor: Praia Grande, Nenê Cambuquira, um Mineiro em Santos, Tuca Poderosa Brinca em Cubatão, Sher Hol Desvenda o Guarujá, Jack Lee e as Quatro Batalhas de São Vicente, em 2015; e O Ataque dos Titanossauros, O Enigma, A Batalha do Conhecimento, O Inventor de Histórias e Histórias do Pontal de Minas, em 2014.
Ficha técnica – Texto e direção: Valdo Resende Elenco: Conrado Sardinha (Ramiro), Isadora Petrin (Valentina, a prima), Neusa de Souza (mãe), Rogério Barsan (Fortuna, o cofre) e William Gutierre (Miguel, o avô) Composição da trilha sonora e direção musical: Flávio Monteiro Figurino: Márcio Araújo Cenografia: Djair Guilherme Iluminação: Ricardo Bueno Adereços: Renato Ribeiro Direção de produção: Sonia Kavantan Produção: Kavantan & Associados – Projetos e Eventos Culturais Apoio: Instituto Arte no Dique Realização: Programa de Ação Cultural, Lei Aldir Blanc, Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Governo do Estado de São Paulo, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.
Fotos: Divulgação